a.k.a.一輝!! – Edição 1670

ais são hipócritas… Esta frase vem martelando minha cabeça desde que a minha psicóloga me propôs pensar na seguinte proposta: “Como você se comportaria se um dia você tornasse pai? Você mudaria seu comportamento? Você deixaria de ser o que é?”

Analisando minha relação com a minha mãe, que é tão estável quanto a Bolsa de Valores, eu percebo como minha teoria procede… Seus pais incorporam com maestria o significado da frase “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” ou, em outras palavras, “o sujo falando do mal lavado”, a característica humana que se encontra em segundo lugar na minha lista de características humanas que eu mais abomino… (só perde, obviamente, pra trairagem…)

Pais conseguem ser piores que o motorista de ônibus, que, quando senta naquele banco, ele se esquece totalmente de que ele um dia já foi estudante e que um dia ele será um idoso… Os pais agem da mesma forma, com a diferença de que estes CONHECEM (teoricamente) seus filhos, SABEM que os filhos não gostam de certas atitudes deles e, mesmo assim, eles INSISTEM no erro…

Que nem eu costumo dizer pra minha mãe: “Você tem um dom… Você sabe quando eu quero que você se meta no assunto e sabe quando eu NÃO quero que você se meta no assunto… Agora só falta aprender o seguinte: quando eu QUISER que você se meta no assunto, você se meta… E quando eu NÃO QUISER que você se meta, você não se meta…”

Um caso eu já citei aqui antes: o pai que fica de olho no namoradinho da filha e se esquece de que ele fez o mesmo com a filha do sogro dele… Mas existem mais casos… Muito mais… E se isso parece discurso de filho rebelde revoltado com a mãe, saibam que por mais que você cresça, a primeira impressão é a que fica, já dizia a propaganda do Axe…

E a primeira impressão que os pais têm de seus filhos é aquela mesma de quando eles nasceram: pequenos e incapazes de se defender por eles mesmos… E pra desgrudar uma imagem dessas é FODA!! Principalmente se você tiver uma mãe cabeça dura, como a minha…

IPC: É provável que eu sature este texto falando mais de mães porque eu tenho uma convivência maior com a minha mãe e nunca tive uma referência paterna adequada… A quem achar que eu esteja falando só das mães, isso se aplica aos pais também…

Exemplo: quando eu era pequeno, eu tive problemas de convivência com os “coleguinhas”… Estes me caçavam pra me bater, porque… Porque sim, Telekid… Não há outra resposta pra isso e, sim, “caçavam” mesmo, como se eu fosse um bicho asqueroso que deveria ser morto imediatamente…

– Dessa vez eu não ia falar nada… Mas ainda assim, “porque sim” não é resposta…

Pois bem, isso acontecia há mais de vinte anos… Só que a minha mãe ainda acha que eu vou descer pro play e vou ser recebido com paus e pedras pelos meus “coleguinhas”, que sentem (até hoje) o mórbido prazer de me bater…

Ou então, minha mãe me torra a paciência porque eu fico o dia todo no computador… Mas se der uma brecha, ela também se aloja e não sai mais…

Ou então, quando eu me expresso e ouço um “para de fazer drama” como resposta, quando eu vejo ela dramatizando horrores quando fala das mazelas que a vida lhe reservou, como “ter que morar com a sogra durante “TRRRRRRRRRRRREZE anos”…

– Eu morei 37 anos com a minha vó e nem por isso faço esse drama todo…

Seus pais te ensinam a NUNCA deixar nenhum filho da puta subestimar sua capacidade intelectual, mas eles são os primeiros a acharem que você é um merda, incapaz de tomar suas próprias decisões e ai de você se contestar a opinião deles…

Sua mãe reclama porque sua namorada consegue te convencer a arrumar um emprego, depois que ela tentou por anos, em vão, te convencer disso, mas se esquece de que ela também já foi a namorada que conseguiu convencer o filho da mãe dele a fazer a mesma coisa…

Seus pais ensinam que você tem que ter “semancol” em diversas situações, mas eles mesmos não têm mais isso com você nestes mesmos casos…

Seus pais ensinam que você deve respeito a eles, mas existem casos em que eles não te respeitam… E aquele papo deles de “respeitar pra ser respeitado”, era lorota?

Seus pais são contraditórios, ensinam que a violência não leva a nada, mas dizem que se o coleguinha te bater, você tem que bater de volta… Te ensinam que mentir é feio, mas quando o telefone toca, falam que “se for do banco, diga que eu não estou”…

(nessas horas eu tenho vontade de dizer: “ele mandou dizer que não está”…)

E sabe o que me fode o juízo? É que o filho cresce, faz a vida dele, sai de casa e esquece da família… Aí ele é tachado de filho da puta por causa disso… PORRA!! Os pais infernizaram a paciência desse cidadão e ele ainda é filho da puta por sair de casa e não querer mais olhar pra cara deles? E eles não fizeram isso com os pais deles quando casaram?

(exceto minha mãe, que morou TRRRRRRRRRRREZE anos com a sogra porque o meu pai não queria sair da casinha da mamãe dele…)

OK, eu entendo o lado dos pais… Faz parte do instinto dos animais mamíferos proteger a cria até onde for possível… Pais matam e morrem pelos filhos… Como eu disse, agem por instinto… Deixam toda a racionalidade de lado… Todo aquele “bom senso” que tinham antes da paternidade desaparece… Ver o filho chegando em casa chorando porque o coleguinha bateu nele provoca no pai a reação de querer assinar seu nome num muro de chapisco usando a cara do infeliz que fez isso com o filho dele…

Conclusão da porra toda: não quero pensar tão cedo em ter um filho… Pra quê? Pra ele me tachar de velho quadrado quando ele tiver a minha idade?

Tá aí, Dra. Eunice… Respondi a sua pergunta… Estou dispensado da sessão da próxima semana?

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