a.k.a.一輝!! – Edição 1533

rianças, hoje eu vou contar umas historinhas pra vocês… Certos fatos e notícias não podem passar sem pelo menos uma reflexão. Ainda mais quando a gente tem o dom de ser abelhudo… Senta que lá vem merda!

– Peraí, se é pra sentar porque lá vem merda, é melhor eu ir pro banheiro…
– Você entendeu…
– Eu entendi, mas a Lori provavelmente não entendeu…
– Oi?

A canetada da blasfêmia

Que credibilidade terá uma imprensa sem qualificação?

Era uma vez um menino nascido no Rio de Janeiro. Vindo de uma família pobre, filho de um bombeiro e uma professora, o moleque cresceu babando pela Valéria Monteiro – a Patrícia Poeta dos anos 90 – apresentando o Jornal Nacional. Com dois radialistas na família, e mais a mãe – que viria a fazer Jornalismo enquanto ele estava no Ensino Médio – o garoto não teve dúvidas: escolheu ser jornalista. Ou será que foi a profissão que o escolheu?

Em 1° de março de 2004 – há exatos 6 anos – o moleque, com 16 anos à época, entra na faculdade de Comunicação Social. O sonho ficara cada vez mais perto, e em 30 de julho de 2008, protesta contra os abusos da sua univer$idade em plena formatura e faz o juramento: pronto, agora ele era jornalista. Desde o começo da carreira, procurou fazer cursos, trabalhar e fazer bons trabalhos.

Pra quem não conhece, esse moleque da história sou eu. Sem um pingo de medo ou vaidade, de ficha e cara limpas. Agora, eu vou contar uma outra história, também rapidinha…

Edir nasceu também no Rio, mas na cidade de Rio da Flores. Nascido em uma família católica, chega a frequentar a umbanda e depois se converte cristão evangélico. Torna-se pastor e faz disso sua “profissão”, seu ganha-pão (sem trocadilho), melhor dizendo. O “negócio” torna-se tão rentável que Edir compra emissoras de TV e tem o seu próprio canal de televisão. Em 1992, é preso acusado de, entre outros crimes ainda mais graves, curandeirismo e charlatanismo.

A partir daí, Edir Macedo Bezerra sofre uma série de acusações. Os programas da sua Igreja Universal do Reino de Deus incentivam o ódio às religiões afro-brasileiras e o espiritismo, atribuindo a estes cultos toda e qualquer manifestação diabólica. Supostos “exorcismos”, curas milagrosas e manifestações de demônios são mostradas em rede nacional, muitas vezes realizadas com atores contratados. Os bispos da IURD chutam uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, em pleno dia da santa, e gêneros como o funk passam a ser pejorativamente retratados em programas como o “Fala Que Eu Te Escuto”.

Em 2009, o Ministério Público de São Paulo abre ação criminal contra Edir e mais 9 pessoas da Igreja Universal, acusando-as de crimes como formação de quadrilha e lavagem de dinheiro – leia-se: dinheiro vindo das ofertas e dízimos dos fiéis. Torna-se de conhecimento nacional que pastores da IURD “vendem” terrenos no céu, como se isso fosse possível. Meses antes de ser acusado de lavar dinheiro, pede no seu blog “ajuda dos fiéis” para mantê-lo no ar, supostamente a um custo de mais de R$ 107 mil por mês. No mesmo endereço, no auge das denúncias, sempre que a enquete sobre qual lado estaria certo (Globo ou Record/IURD) aponta “vitória da Globo”, retira o questionamento do ar, retornando apenas quando a Record estivesse milhares de votos à frente.

Aí eu pergunto a vocês: o que eu e o Bispo Macedo temos em comum? Quem me conhece não hesitaria em responder que nada. É, mas vocês erraram. Por força de uma decisão judicial, agora somos colegas de profissão. Isso mesmo: Edir Macedo agora é jornalista.

A decisão que dá este direito ao bispo foi proferida pelo excelentíssimo Sr. desembargador Fernando Marques, do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro. A ação pedindo o benefício, em face do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, foi movida pelo mandatário da Igreja Universal em 2001. Mesmo sem nunca ter feito qualquer curso sobre Comunicação, Edir Macedo conseguiu uma qualificação, ajudado por Gilmar Mendes, Ministro do Supremo Tribunal Federal – que em 17 de junho de 2009 deu parecer favorável a um processo que pedia a extinção da obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão, e foi acompanhado por quase todos os ministros da Suprema Corte brasileira. Vale ressaltar que os cursos em teologia feitos por Edir Macedo na FATEBOM são “cursos livres”, ou seja: NÃO são reconhecidos pelo Ministério da Educação como sendo válidos para fins profissionais.

Moral da história: eu, que estudei quatro anos e meio, enfrentando chuva, sol, frio, calor, trens superlotados, mensalidades caríssimas, faculdade longe de casa e tudo mais, terei a mesma profissão de alguém que não tem legalidade nem pra exercer a profissão que lhe tornou milionário, que dirá para a “nova”. Sim, senhoras e senhores, o mesmo homem que protagonizou cenas como estas, divulgadas em 1995:

Se quiser [dar dinheiro], bem, se não quiser, amém! Ou dá ou desce!!
Edir Macedo, instruindo pastores a extorquir dinheiro dos fiéis da IURD.

Este homem ganhou o direito de se declarar jornalista, abençoado (com trocadilho) pela Justiça. E vocês ainda se perguntam porque classificam o Brasil como “país de terceiro mundo”, “terra da corrupção”… As imagens de 15 anos atrás falam por si. Extremamente REVOLTADO, deixo aqui meu protesto.

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Comments (1)

  1. Cara..é por essas e outras que não ligo pra religiões…
    Agora o Bispo Macedo vai tentar ganhar mais dinheiro de seus pobres “fiéis” sendo jornalista….
    É o Brasil mesmo..
    Às vezes penso se realmente vale a pena estudar como um filho da mãe durante quatro anos e aí vem um ladrão, safado e sem o menor conhecimento tomar a minha vaga no mercado de trabalho
    Vinny, parabéns pelo excelente texto
    A nossa função é realmente essa: denunciar essas coisas para que a população tome conhecimento e tente melhorar esse nosso país….

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